sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Uma nova maneira de olhar o mundo



Miriam Gabbai é diretora da Callis Editora, Diretora Presidente do Instituto Callis e artista plástica, formada em História pela PUC /São Paulo e graduada em Belas Artes pela School of the Museumof Fine Arts, da Universidade de Massachussets.

Ela já participou da Jornada 2005 e 2007 e desta vez falará dia 23 no Simpósio Internacional de Literatura Infantil e Juvenil sobre “Mercado e criação literária”. Quando analisa os problemas que envolvem as dificuldades para incentivar a leitura entre crianças e jovens, ela diz que o mais básico é a falta de um aprendizado eficiente de leitura. “Em grande parte dos casos, a alfabetização não é feita de maneira efetiva. Assim, a leitura requer um grande esforço por parte da criança e do jovem, maior do que o necessário para um leitor formado, e eles acabam recorrendo a atividades mais "fáceis" nos momentos de lazer, deixando a leitura apenas como obrigação da escola. “

Também considera a necessidade de estabelecer o hábito da leitura, como fundamental para a formação de leitores. “Esse hábito se cria através de exemplo. Porém, os pais têm hoje menos tempo para ler com os filhos e isso prejudica o estabelecimento desse hábito. Em outros casos, ainda, existe uma exposição excessiva das crianças e jovens a outras fontes de informação, mais rápidas e atrativas visualmente, como tv, cinema e jogos. O ritmo da leitura é um pouco menos dinâmico, requer maior concentração e, como não é um ato passivo como assistir televisão, solicita mais da pessoa. Então, novamente, exige maior esforço e isso geralmente não é encarado com simpatia pelas crianças e jovens.”

Seu conselho para envolver os professores na magia da leitura é que eles não sejam tratados da mesma forma que os alunos que não têm esse hábito: “ É preciso incutir neles o interesse pela leitura, para que descubram o prazer de ler e tornem-se leitores habituais. Acredito que para envolvê-los devemos buscar apresentar temas que sejam do seu interesse, mostrar livros com textos envolventes e, principalmente, respeitar a opinião do professor sobre os livros que leu e sobre suas expectativas em relação aos que quer ler. Muitos professores, também, não frequentam a bilbioteca da escola, não levam livros para casa e, as vezes, nem tem livros em casa. Isso interfere na relação que esse educador estabelece com o livro, que passa a ser algo distante e de acesso restrito.”

Miriam não acredita que a internet e as redes sociais prejudiquem a leitura. “Vejo-as como outra forma de comunicação, outro ambiente para aquisição de conhecimento. Os jovens hoje têm um modo"multitarefa" de agir, o que não quer dizer, necessariamente, que falte foco ou atenção a eles. É uma maneira diferente de olhar o mundo. A internet obriga a pessoa a ler, mesmo que seja em uma linguagem cifrada, porque os textos nesse suporte são mais dinâmicos, mais curtos, mais sintéticos mesmo. Isso não significa que não sejam textos que colaborem para a formação de leitores. Além disso, muitos jovens escrevem em blogs, forums e outros locais na internet, o que os faz exercitar seus recursos de leitura e escrita.”

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