segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Almanaques à mostra

Foto: Tiago Lermen
 
A História dos almanaques pode ser desvendada na exposição "Tempo de Almanaque", que acaba de ser aberta no espaço do SESC (Serviço Social do Comércio), instalado no pavilhão Portal das Linguagens, dentro da programação da 14ª Jornada Nacional de Literatura. Em foco estão os almanaques farmacêuticos, livretos originalmente desenvolvidos como propagandas de indústrias de remédios. Surgidos na França, chegaram ao Brasil no começo do século XX, depois de passar por Portugal e Estados Unidos. O projeto é uma iniciativa do SESC e partiu do interesse num artigo publicado no site pessoal da dona do acervo de almanaques, a escritora e estudiosa Yasmin Nadaf, de Cuiabá. Ela revela que esta coleção, que abrange um período de mais de 100 anos, é uma de várias que reúne material relacionado à formação de leitores na História do país.

A distribuição gratuita dos livretos, tanto no campo quanto na cidade, amplificou a influência do formato e seu significado cultural. Com o tempo, ele se transformou de mera propaganda de laboratórios farmacêuticos a uma publicação com folhas de calendário, guia de curiosidades e conteúdo infantil, chegando a servir como cartilha de alfabetização. Yasmin revela: "o tempo áureo do almanaque foi da década de 30 a 60, quando todos os laboratórios multiplicaram as suas tiragens. Então, o almanaque virou o objeto impresso de maior tiragem no Brasil". Um exemplo disso é o mítico Jeca Tatuzinho, de Monteiro Lobato. Não é um fato conhecido, mas o personagem nasceu como protagonista de um almanaque do Intistuto Medicamenta Fontoura, fazendo propaganda de um remédio contra o amarelão. O êxito pode ser constatado pelo impacto cultural da criação, também respaldado por alguns números: em 1973, a publicação chegava à sua 35ª edição, somando 84 milhões de exemplares.

A exposição fica aberta até o dia 26 de agosto e traz, além de fac-símiles de itens da coleção, o livro-catálogo "Tempo de Almanaque", com estrutura similar à da exposição: é dividido por aspectos culturais explorados no formato através do tempo, como publicidade, utilitários, informações científicas e imagens de mulheres.

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